Gênero, faixa etária, escolaridade e renda são desproporcionais na comparação dos dados
Um dos maiores desafios do processo eleitoral brasileiro é a representação parlamentar. O distanciamento entre eleitor e eleito é criticado por estudiosos e rechaçado por aqueles que defendem mais representatividade dos diferentes segmentos sociais nas Casas que decidem os rumos de nosso País, estados e municípios.
Nas eleições deste ano para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os dados registrados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-MG) comprovam que a desproporção antecede os resultados das urnas. Elas são percebidas já ao analisarmos as candidaturas que estão colocadas para disputar uma vaga de deputado estadual.
Segundo maior colégio eleitoral do País, perdendo apenas para São Paulo, Minas Gerais tem 15,7 milhões de eleitores aptos, o correspondente a 10,66% do total no País. Do eleitorado mineiro, 51,95% são mulheres, mas, apenas 31,16% das candidaturas são femininas.
A desproporção de gênero não é a única na comparação entre os perfis de eleitores e candidatos ao Parlamento mineiro.
No quesito escolaridade, a diferença é muito mais aguda. Enquanto 43,21% dos 1.363 candidatos registrados possuem ensino superior completo e 30,96%, o ensino médio completo, apenas 6,82% dos eleitores têm um diploma de graduação e 20,46% completaram o ensino médio.
A maior parcela do eleitorado mineiro, 29,66%, nem chegou a concluir o ensino fundamental. Somados analfabetos, os que apenas leem e escrevem, aqueles que não concluíram o ensino fundamental e os que possuem apenas os nove primeiros anos do ensino, o número chega a 51% dos eleitores registrados.
Distâncias entre idade e renda também são profundas
Quando se analisa a idade dos candidatos x eleitores, a diferença também é acentuada. As faixas etárias no eleitorado são muito mais distribuídas. A maior parte daqueles que tentam se eleger a deputado estadual está concentrada entre 45 e 59 anos, o correspondente a 44,68% das candidaturas. Apenas 24,65% dos eleitores estão nessa mesma faixa, embora ela também seja a que abriga a maior parte desse universo.
Outra boa parcela dos candidatos, 26,34%, tem entre 34 e 44 anos, faixa etária de 19,95% dos eleitores. A segunda maior concentração do eleitorado tem entre 25 e 34 anos, alcançando 20,33% contra 11,74% dos candidatos dessa faixa.
Os mais jovens, entre 18 e 24 anos, que já estariam aptos a se candidatar e detêm 13,42% do eleitorado, são os que menos encontram opções entre os possíveis representantes. Apenas 34 candidatos, ou 2,28%, participam das eleições. O maior equilíbrio se encontra entre quem tem entre 60 a 69 anos: 12,47% dos candidatos e 11,14% dos eleitores.
Fonte: ALMG