https://securepubads.g.doubleclick.net/gampad/adx Jornal Fique Sabendo Bom Despacho : Carta do Leitor

Carta do Leitor


“PANEM ET CIRCENSES”


Panem et circences”, é uma expressão latina que traduz a política do pão e circo, surgida no Império Romano. Consistia em distribuir mensalmente trigo à população e organizar espetáculos gratuitos como a luta de gladiadores, animais ferozes, entre outras atrações, àqueles que se contentavam com comida e diversão grátis desde que não questionassem o desempenho dos governantes que, assim, garantiam o apoio do povo.

Muito praticada atualmente em vários rincões desse nosso Brasil, acaba por retirar do cidadão a sua capacidade de questionar e de indignar-se, carreando o silêncio dos competentes para não constranger os incompetentes. Ledo engano. Só a discordância pode mudar comportamentos.

Diante de uma injustiça, uma falha grave, um desaforo, uma ação política inconveniente, as pessoas, pressionadas pelo controle do temperamento, acabam por anestesiar o ato de se indignar quando indignar-se com o absurdo é um valor.

Em nosso Bom Despacho das Minas Gerais, a guisa de exemplo, um desaforo administrativo rotineiramente ocorre na medida em que a Secretaria de Cultura, ante a edição de eventos ditos culturais – shows diversos - na chamada Praça de Eventos, deixa de envolver a população nas discussões preparatórias, ignorando-a quando do fornecimento do alvará.

Tais eventos, é cediço, se iniciam às 18:00 horas e encerraram as duas ou três horas do dia seguinte. Por excederem os limites de emissão de ruídos, sons e vibrações acarretam poluição sonora, que provoca perturbação do sossego e da tranqüilidade pública dos moradores ao derredor do local, como também ocorrências policiais diversas, notadamente as contra os costumes.

Pelo órgão encarregado de liberar o alvará, saliente-se, inexiste a pré-ocupação de, minimamente, reunir-se com os moradores, sequer ouvi-los e deles colher e dar informações a respeito do evento e dos impactos na vida das pessoas obrigando-as a aturá-los, o que, óbvio, gera indignação. 

Neste sentido não é crível que a Prefeitura, encarregada do bem-estar e qualidade de vida da população, privilegie, unilateralmente, os promotores de eventos ao arrepio do envolvimento comunitário nas discussões antecipadas, como condição “sine qua non” de sua realização.

Contra esse desaforo administrativo o cidadão tem claramente o direito de manifestar sua contrariedade e, mais do que criticar, demonstrar firmemente sua indignação. É por falta dessa posição que o serviço público não melhora seu desempenho. Com sua leniência a ineficiência administrativa prevalece.

Que fique bem claro que este artigo não é contra a realização de eventos. O que se busca é que tenham critérios pré-estabelecidos, entre eles, por exemplo: que haja a definição do que vem a ser evento de médio e grande porte; que haja reuniões prévias envolvendo os moradores do local onde acontecerá o evento; que este se realize em período que medeia das quatorze às vinte e duas horas; que seja em local adredemente preparado, fora de área residencial e que as medições dos níveis de decibéis sejam uma constante para pouco impactar a vida das pessoas.

A continuar como está, razão assiste ao “Chantecler” quando em sua coluna de crônicas neste periódico de 05 a 20 de maio de 2023, assevera que “...tá cada vez mais complicado viver em Bom Despacho”.

Aguardemos, pois, as providências, sabendo que brevemente outros eventos, de médio e grande porte, acontecerão em nossa cidade.

“Indignatus civis”.      

Gentil Alberto de Menezes 




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