Poleiro do Chanceler – Política de Bom Despacho
BANHEIRO PÚBLICO: ESTRANHO QUE HAJA PESSOAS CONTRA
Meus caros, raros e fieis leitores,
Já há algum tempo venho defendendo aqui neste espaço a necessidade da construção de um grande banheiro público ali na Praça da Matriz, mais exatamente naquele paredão curvo quase defronte ao Banco do Brasil. Outra proposta em que venho insistindo é a construção de um Velório Municipal ali junto ao Cemitério velho. Não faz sentido velar-se um corpo lá no Cemitério Novo e, depois, o féretro atravessar toda a cidade para o corpo ser enterrado no cemitério velho. É uma obra barata, prática e num espaço que já existe.
Cheguei até a escrever que eu apoiaria o candidato a prefeito que encampasse essas minhas propostas (eu deveria ter aberto uma exceção, pois há um candidato em que não voto de jeito nenhum por ser contra as minhas convicções políticas). De imediato, recebi mensagem da candidata Paré afirmando que gostara da ideia e que iria inclui-la no seu plano de governo. Depois, o Fernando Andrade me informou que também colocara em seu plano de governo a construção do banheiro público. Já um outro candidato andou divulgando um vídeo de campanha onde ele diz que pretende construir o tal banheiro público no mesmo local que eu já mencionara diversas vezes. Não citou meu nome, dando a entender que a ideia era original dele. Não tem importância. O que é importante é que o banheiro público seja construído.
A proposta sempre me pareceu muito sensata e lógica. Afinal de contas, as pessoas – mulheres com crianças, principalmente - que vêm dos bairros à Praça da Matriz não têm onde fazer suas necessidades. Antes havia o Bar do Zé Mauro ali no início da Rua José Gonçalves que servia de quebra-galho para muitas famílias – ainda que a contragosto do dono, com razão. O problema se agrava nas datas de eventos como Semana Santa, 1º de junho, Reinado, 7 de setembro. Nessas datas o que se vê é menino urinando e até defecando junto às árvores.
Agora veja bem: outro dia, recebi um vídeo no meu zap de uma entrevista da candidata Paré no programa cujo nome, se não estou enganado, é “Perfil sem Retoque”, promovido pela jornalista Stael, em que ela (a entrevistada) discorria sobre os principais projetos que ela pretendia desenvolver caso fosse eleita. Quando foi mencionado que ela pretendia construir o tal banheiro público na Praça da Matriz, tanto a jornalista entrevistadora como um de seu ajudantes (que não aparecia no vídeo) foram radicalmente contra a proposta – chegando a ponto de abaixar sua nota de avaliação para 6 (???) por conta deste projeto.
Fiquei deveras surpreso com esta reação negativa dessas pessoas a uma proposta que atende diretamente a necessidade da população, especialmente a mais humilde. E qual o argumento que usam: se entendi direito (havia momentos em que a gravação era quase inaudível, principalmente quando o tal ajudante falava), alega-se que a construção do banheiro público ali iria gerar um mau cheiro, iria virar uma porcaria e sujeira só, iria se tornar um centro de maconheiros e coisas tais. Ademais, alegou-se que há muitas lanchonetes e lojas com banheiros na Praça.
Bem, ninguém está propondo a construção de três ou quatro “privadas” ou vasos sanitários ali e deixar ao Deus dará. A gente precisa deixar de vez este complexo de vira-latas e fazer algo mais civilizado um pouco. Uma vez construído um banheiro público feminino e outro masculino como este, é obrigatório que haja lá funcionários municipais por conta da limpeza do local e da fiscalização pelo menos no horário de 8 às 20 horas. Isso é o mínimo que se exige. Nada de luxo, mas tudo muito limpo. Ou será que nós não temos capacidade e competência para isso? Alguém no programa disse que conhece cerca de umas 150 cidades que construíram banheiros públicos e todas se arrependeram. Primeiro, duvido desse número. Segundo, as que se arrependeram – se é que alguma se arrependeu – é porque a administração municipal é incompetente. Ou será que estamos fadados a ser uma republiqueta de bananas? Eu sou daqueles que acreditam que Bom Despacho pode servir de exemplo para outras cidades. É uma questão apenas de vontade política.
Quanto a dizer que há muitos banheiros na Praça da Matriz, não os conheço. Há ali um restaurante e uma lanchonete, mas imagino que seus banheiros seriam em princípio para uso de seus clientes. Hoje fazem fila lá, principalmente em eventos populares. As lojas também têm seus banheiros, mas também imagino que, em princípio, são para seus funcionários e eventualmente para algum cliente. Quem gostaria que o banheiro de sua loja fosse usado pelas pessoas em geral? É claro que não se nega nem um copo dágua nem um banheiro para alguém necessitado, mas convenhamos...
Outro dia ouvi de um conhecido que a construção de um banheiro na Praça da Matriz vai tirar um pouco da estética e da característica da praça. Conversa fiada. Um banheiro público no local que indicamos não tira estética nenhuma. O local é discreto e não implica em nenhuma alteração do visual. Muito pelo contrário. O que tira a estética da Praça da Matriz - é o estado de abandono em que as diversas administrações municipais a têm deixado. Sujeira para todo lado, alvernarias quebradas-trincadas, jardins sem nenhum cuidado, sem pintura nem nada. Isso, sim, tira a estética de nosso principal cartão postal.
O que estamos propondo aqui é algo que poderá atender uma necessidade primária e premente da população mais humilde. Não estamos discutindo o sexo dos anjos.
Que me desculpem aqueles que são contra. Pensamos diferente. O que não tem nada demais já que, embora estejamos vivendo numa democracia “relativa”, pelo menos pensar ainda não é crime.
Chantecler.
Meu Deus... Obrigada pelo primeiro presente do nosso dia!!! Adorei cada frase e fui conversando com vc a cada palavra. Gostaria de dar pitaco, com concordando e agradecendo a cada palavra, mas ao afinal teria escrito um outro texto. Portanto fica aqui o meu simples obrigada por todo o texto e em especial ao nosso dia.
ResponderExcluirEstimado e admirável amigo Mozart, triste e desanimadora constatação: sempre soube que os políticos no formato atual existem apenas para atender seus próprios interesses e carreira política, excelente abordagem e proposta. Utópica a pretensão, porém, penso que, infelizmente, qualquer mudança só ocorrerá pelo rompimento institucional, pois a alternativa de mudança de mentalidade no formato da composição parlamentar nunca ocorrerá por decisão democrática...,eis que, conforme bem abordado no seu artigo, vai contrariar interesses daqueles que não largam a teta...
ResponderExcluirEm 2010 houve uma capitalização histórica na Petrobrás (emissão de ações novas adquiridas por investidores por 70 bilhões de dólares, um recorde mundial) para investimentos no pré-sal (governo não tinha o dinheiro para isso).
ResponderExcluirQuem comprou Petrobrás ON (ordinárias) pagou R$ 29,65; PN (preferenciais) pagou R$ 26,30, isso em 2010.
Com o petrolão o ticker PETR4 deu prejuízo de 22 bilhões em 2014, 35 bilhões em 2015, 13 bilhões em 2016. Pagou bilhões de dólares para encerrar processos nos EUA por causa da corrupção e falhas de governança.
Nesse tempo as cotações das ações chegaram a valer R$ 4,24 (ON) e R$ 3,03 (PN), prejudicando muita gente que investiu na capitalização com FGTS (a regra no Brasil é achar que investidor é milionário, megaespeculador, aproveitador, quando muitos são pequenos investidores individuais fugindo dos péssimos produtos empurrados por bancos).
A partir de 2017 voltou a operar com lucro, mas o PAYOUT (parcela do lucro líquido para remunerar acionistas) foi nula de 2014-2017 e continuou bem baixa até 2020. Em 2021 e 2022 tem havido lucros históricos e proventos têm sido pagos aos acionistas, sobretudo ao Governo Brasileiro, acionista majoritário (deveria usar esse dinheiro para bancar contrapartidas sociais, mas tem preferido falar contra os acionistas). Nos últimos 12 meses o Dividend Yield chegou a 40,47% ou R$ 11,55 por ação (que custa hoje R$ 28,53).
Em suma, apareceu um dinheirinho após um prejuízo histórico aos investidores que os "fôrmas de fazê lubisomi" do governo começarem a culpar os investidores, quando o próprio governo fica com a maior parte da grana.
Aliás, é bom lembrar que o perfil do investidor brasileiro está mudando, com cada vez mais pessoas físicas abrindo conta em corretora e comprando ações, fundos imobiliários, BDR's, ETF's. Hoje os investidores CPF são 5 milhões; em 10 anos isso deve mais que dobrar, já que os bancões pensam nos pequenos investidores como público tomador de empréstimos e pagador de altas tarifas e juros.