Embora ainda tenham
desvantagens na disputa por vagas no mercado de trabalho, os negros passaram a
ter rendimentos mais próximos dos não negros no ano passado, em comparação com
2014. Mas isso ocorreu porque foi maior a queda dos ganhos dos não negros que passaram
a receber valores 8% menores do que no ano anterior, enquanto os negros tiveram
um recuo médio de 2,2%.
Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) feita em
conjunto pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) e Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
(Fundação Seade). O levantamento, feito com base na PED mensal, é divulgado,
anualmente, para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado,
no próximo domingo (20).
A pesquisa mostra que, por hora, os negros estavam recebendo em
média R$ 9,39 ou 67,7% do valor obtido pelos não negros (R$ 13,88). O
percentual era de 63,7% em 2014 e já chegou a equivaler a 54,6% em 2002. Como
efeito da crise econômica, o corte de vagas atingiu mais os negros cuja taxa de
desemprego subiu de 12% para 14,9%, enquanto a dos não negros passou de 10,1%
para 12% .
Mesmo assim, os negros ampliaram a sua participação no mercado
de trabalho dos 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), no
ano passado, atingindo 40% do total de ocupados ante 37,9% em 2014. Já a
parcela de desempregados subiu de 42,6% para 46,3%.
Pesquisa por setores
No setor industrial, não houve alteração proporcional de
rendimentos.Os negros continuaram ganhando o equivalente a 70% dos não negros.
Já em dois outros setores, houve elevação: no comércio (de 70,2% para 76,9% )
e, na construção (de 76,7% para 79,9%).
Em relação às chances de contratação, os negros conseguiram
menor inserção no segmento de serviços com uma participação de 56,8% na
comparação com os não negros (58,8%). O mesmo ocorreu no segmento da indústria
com a ocupação de 15,5% ante 16,2% dos não negros e no comércio com 17,2% ante
18,2%. Já na construção, os negros superam com 9,3% sobre 5,6% dos não negros.
A taxa dos que conseguiram empregos formalizados atingiu 63,4%
acima do índice dos não negros (62,3%). A desvantagem, no entanto, continua em
postos do setor público, onde os negros têm uma participação de 6,6% e os não
negros de 9,0%. Também existem diferenças nas ocupações de vagas em que os
rendimentos costumam ser menores. Neste postos, os negros estão mais presentes
(8,7%) ante 4,7% dos não negros.
Do total de 40% dos postos ocupados pelos negros, no ano
passado, 18,4% eram mulheres e 21,6% homens.
Ag. Brasil