Carolina Sarres - Repórter da Agência Brasil
A geração de postos formais de trabalho em março de 2014 foi a pior para o mês desde 1999, quando foram fechadas mais de 76 mil vagas com carteira assinada. No mês passado foram criados 13.117 empregos, resultado da admissão de 1.767.969 trabalhadores e da demissão de 1.754.852. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgado hoje (17). No mesmo mês em 2013 e 2012, o saldo não ficou abaixo dos 110 mil novos postos.
De acordo com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o governo não está pessimista em relação ao resultado de março, pois, no acumulado dos três primeiros meses do ano - 344.984 postos criados - o saldo segue a mesma dinâmica observada em 2013, quando foram gerados 306.068 vagas no período. Para ele, o resultado de março não irá comprometer a expectativa de geração de empregos para o ano, que é encerrar 2014 com a criação de 1 milhão a 1,5 milhão de postos. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mês de março encerrou com a menor taxa de desemprego para o mês desde o início da série histórica, iniciada em 2002: 5%.
“O que vale é o total, tivermos um aumento de quase 14% neste ano em relação aos números gerados no ano passado”, explicou Dias.
Em relação ao desempenho do mês, o comércio foi o setor com o pior balanço – foram fechados mais de 26 mil postos com carteira assinada. Para o ministro, esse resultado é consequência do carnaval e do fim da temporada do verão – ambos períodos em que há contratações.
“Um dos maiores números de fechamento [de vagas] foi justamente no Rio de Janeiro. Terminou a temporada que atrai milhares de turistas brasileiros e estrangeiros. Então é um período que realmente termina e ocasiona esse decréscimo dos postos”, disse o ministro.
No Rio de Janeiro, foram 4.333 vagas a menos em março. Esse foi o quarto pior desempenho, superado por Mato Grosso (-5,1 mil), Pernambuco (-7,8 mil) e Alagoas (-10,1 mil). Em contrapartida, São Paulo e o Rio Grande do Sul tiveram os melhores saldos: 19,2 mil e 13,7 mil vagas criadas, respectivamente.
Outro setor em que houve o fechamento de postos foi a agricultura. De acordo com o Ministério do Trabalho, as 5.314 mil vagas a menos foram resultado do mau desempenho da produção de frutas e de soja, que superaram o bom desempenho da cana-de-açúcar.
Em contraponto ao comércio e à agricultura, o setor de serviços e da indústria da transformação foram os que tiveram os melhores resultados – criação de 37,4 mil e 5,4 mil postos, respectivamente. De acordo com Manoel Dias, a expectativa para os próximos meses é a criação de cerca de 170 mil empregos formais devido à proximidade dos jogos da Copa do Mundo.
“Estamos iniciando a montagem das ações que serão desenvolvidas na Copa. A Fifa [Federação Internacional de Futebol] está contratando [trabalhadores] para prestar serviços. Há estimativa de contratação de 170 mil trabalhadores, o que é uma contratação excepcional, fora da previsão normal”, informou o ministro.
Para Dias, muitas pessoas que forem contratados para a Copa deverão permanecer no emprego, devido à manutenção dos eventos nas arenas construídas para o Mundial. “Muitos permanecerão porque os estádios permanecerão funcionando. Os estádios são hoje grandes centros de eventos. Quem apresentar qualidade para o exercício da função, certamente permanecerá”.