Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal estão aumentado juros e já superaram bancos privados em
algumas modalidades de crédito, segundo dados disponíveis no site do Banco
Central (BC).
Os juros do crédito para a compra de veículos, por exemplo,
chegou a 27,06% ao ano, na Caixa Econômica Federal, no final de setembro. Essa
é a taxa mais cara entre os cinco maiores bancos do país. O Banco do Brasil tem
a segunda taxa de juros mais cara – 26,96% ao ano. No final de 2015, essa taxa
estava em 26,84% ao ano, na Caixa e 26,58%, no Banco do Brasil.
Entre os cinco maiores bancos, o Santander aparece com a menor
taxa (23,33% ao ano) para financiamento de veículos, seguido por Itaú Unibanco
(26,23% ao ano) e Bradesco (26,15% ao ano) que têm taxas bem próximas.
No caso do rotativo do cartão de crédito, empréstimo tomado pelo
consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura, a Caixa (470,56%)
e o Banco do Brasil (450,23% ao ano) têm juros mais caros do que o Bradesco
(424,58% ao ano), mas são mais baixos que os do Santander (557,8% ao ano) e
Itaú Unibanco (631,86% ao ano).
No caso do crédito consignado para servidores públicos, a Caixa
deixou de oferecer a menor taxa (24,61% ao ano), perdendo para o Santander
(24,46% ao ano). O Banco do Brasil registrou taxa de 26,96%, acima da do
Bradesco (25,12% ao ano) e abaixo do Itaú Unibanco (36,85% ao ano).
Em nota, a Caixa disse que adotou uma política para minimizar os
efeitos negativos na economia brasileira durante a crise financeira iniciada em
2008. Após o estouro da crise financeira, bancos públicos foram usados como
instrumento para impulsionar o crédito a consumidores e empresas e financiar
obras de infraestrutura.
“A partir de 2012, enquanto os bancos privados iniciaram o
processo de recomposição das suas margens [de lucro], a Caixa continuou
esforços para se manter como o banco das melhores taxas. Com essa estratégia,
conseguiu se apresentar com a 2ª maior carteira de crédito do Sistema Financeiro
Nacional”, disse o banco em nota.
Segundo a Caixa, a partir de 2014, com a mudança na situação
macroeconômica, o banco público iniciou processo de ajuste nas suas taxas de
juros, mantendo-as, entretanto, ainda em patamar inferior ao do mercado. De
acordo com os dados apresentados pela Caixa, em agosto deste ano a taxa média
de juros de todo o mercado financeiro era 71,9% ao ano e a do banco de 52,6% ao
ano.
“O movimento de recomposição das margens foi necessário para
garantir o resultado do banco frente ao cenário macroeconômico”, acrescentou.
Além disso, diz o banco, a alta na taxa básica de juros, a Selic, levou a
“aumento significativo” no custo de captação de dinheiro, “o que também
demandou ajustes nos preços, visando à manutenção das margens [de lucro]
necessárias”.
A Caixa argumentou ainda que com o aumento do risco de
inadimplência foi necessário subir os juros. “O cenário econômico também
influenciou negativamente a renda das famílias, comprometendo a capacidade de
pagamento de suas dívidas, o que fica evidenciado no aumento da inadimplência
do segmento de crédito livre. Vale apontar que o aumento no risco dessas
operações impactou diretamente na definição das taxas”, destacou.
O Banco do Brasil disse, em nota, que as taxas de crédito da
instituição são definidas por critérios técnicos que consideram, entre outros
fatores, as taxas de juros da economia, avaliações de risco, estratégias
comerciais e movimentos da concorrência.
"O Banco do Brasil mantém estratégia de educação financeira
e de oferta da melhor linha de crédito para cada necessidade do cliente. Apenas
em setembro, o BB realizou mais de 4 milhões de abordagens induzindo o cliente
a buscar as linhas de crédito mais baratas em detrimento de outras mais caras,
como é o caso do cheque especial e do rotativo do cartão", destacou.
Ag. Brasil