A crise na saúde pública estrangula hospitais filantrópicos de todo
Estado e a cada dia cria verdadeiros obstáculos de sustentabilidade
assistencial e financeira. A exemplo disso,
unidades hospitalares, cuja função é socorrer, invertem
os papéis e a cada mês
que se passa clamam por auxílio financeiro do governo por meio dos contratos de custeio, para não fecharem
as
portas
e
ainda
assim,
muitos
não
conseguem
se
reequilibrar e a linha entre prosseguir com os atendimentos e acabar de vez com
eles se torna cada vez mais tênue.
Na Santa Casa de Bom Despacho, no Centro-Oeste do Estado, a situação não
é diferente e como as demais entidades filantrópicas de Minas Gerais também
sofrem agravantes com a crise na saúde. Entretanto, a equipe, por meio da
diretoria da instituição, adotou uma postura diferente e desde 2013 vem
elaborando projetos em que os funcionários e a própria população contribuem com
o Hospital.
As ações vão desde lançamentos de campanhas para angariar parceria
financeira, até doação de
verba entre médicos
para aquisição de
insumos básicos. Tudo
isso tem garantido o
equilíbrio da unidade que atende não só Bom Despacho, mas a população de outros
seis municípios que fazem parte da microrregião sendo: Moema, Estrela do
Indaiá, Dores do Indaiá, Luz, Serra da Saudade e Martinho Campos,
além de mais dez municípios de referência do SUS, totalizando uma população de
quase 150 mil habitantes.
A diretoria percebeu no momento certo, que era preciso buscar
alternativas para reverter o cenário
desfavorável e não apenas
aguardar recursos financeiros do
Estado, como explica o administrador do
Hospital, Henrique Andrade do Carmo.
“Enquanto hospitais de referência estadual estão ameaçando fechar as
portas por falta de insumos básicos como o Hospital
JK, em Belo Horizonte, na Santa Casa,
a diretoria tratou de
estimular entre os colaboradores e
toda sociedade o
espírito de equipe e
parceria para resolver problemas sejam eles mais simples, como manutenção de áreas a construção de mais leitos e humanização do SUS, prezando a cada dia pela
excelência na assistência e boas práticas em gerenciamento que garantem a
qualidade da prestação de nosso serviço, sempre aliada a ações administrativas
de gestão que retomaram a credibilidade da instituição”, disse.
Projetos
Os projetos criados para serem executados com recursos de parceiros
começaram em 2013 e desde então, foram reformadas duas alas 100% SUS, através
“Adote o SUS”, sendo construídas seis novas enfermarias, além da reestruturação
de outras cinco. Todo esse trabalho executado com R$ 500 mil reais só foi
possível com a doação feita por 13 parceiros que contribuíram em média, com R$
25 mil reais cada um, sendo eles empresas e pessoas físicas. As doações são de
pessoas e entidades que abraçaram a campanha “Amigos da Santa Casa”.
“Acreditamos que essas doações como todas as outras só são possíveis devido à
credibilidade da Santa Casa, que é evidenciada na assistência à população”,
disse o diretor técnico da Santa Casa, Bianco Couto.
Outro projeto importante e que consegue arrecadar recursos para o
hospital é o Telemarketing. Por meio dele, telefonistas pedem a toda população
doações no valor médio de R$ 12.
De acordo com a diretoria do Hospital, de dezembro de 2013 a junho de
2018 este projeto conseguiu arrecadar R$ 1.314.258,00 referentes a 108.998
recibos de doações. “Lembrando que os próprios colaboradores, diretoria e corpo
clínico também fazem doações por meio desta ação”, ressaltou Henrique.
Com esse dinheiro arrecadado a Santa Casa consegue comprar insumos básicos,
além de prosseguir com as reformas de outros setores. Com este recurso já foi
possível comprar mesas de refeição, trocar o gerador das lavanderias para
economia de energia, passando ser a gás, manutenção de custeio de insumos do
bloco cirúrgico, compra de alimentos, manutenção geral com pequenos reparos de
consertos.
“Teremos ainda, toda maternidade reformada com 100% de recursos de
doações, cuja obra já está em andamento, com prazo para ser finalizada em três
meses. Nesta reforma vamos adequar as enfermarias dentro das normas de
humanização, reestruturar a parte administrativa e melhorar o centro
obstétrico. O que equivale a R$ 156 mil de origem das doações feitas pelo
Telemarketing, na Campanha de Natal de 2017.
“A Santa Casa que eu quero para o futuro – um ato de
cidadania”
Com toda parte interna sendo reformada, a fachada da unidade que faz
parte do patrimônio histórico da cidade, estava se destacando como ponto
negativo, sem pintura e sem manutenção. Foi quando há um mês, a diretoria
lançou mão de mais uma ação para esta reforma, tendo prosseguido em menos de 30
dias a arrecadação de R$ 23 mil, doados por 23 médicos da instituição e mais R$
9 mil doados pelo município por meio da Secretaria de Cultura.
Essa doação faz parte de mais uma campanha, que será lançada na próxima
segunda- feira (18) com ato de abertura do mutirão de reforma, onde os próprios
médicos que doaram a verba vão pintar as paredes da Santa Casa e afixar a placa
da nova campanha: “A Santa Casa que eu quero para o futuro”.
Na ocasião ocorrerá um evento de entrega de homenagens aos “Amigos da
Santa Casa”, sendo homenageadas 11 empresas, seis instituições e 14 pessoas
físicas. Também ocorrerá a inauguração do Centro de Imagens, um setor que antes
era terceirizado e agora faz parte da instituição, e vai promover mais
autonomia nos atendimentos e auxiliar na sustentabilidade financeira.
Santa Casa
Localizada no Centro da cidade, em um espaço com aproximadamente 4 mil
metros quadrados de área construída, a Santa Casa de Bom Despacho conta com 81
leitos, sendo 51 do SUS, atendendo diariamente aproximadamente 100 pessoas no
Pronto Socorro via SUS, outras 70 no ambulatório de convênios e particulares. A
unidade realiza 300 internações por mês, também via SUS e outras 170 a 200
internações convênios e particulares. Em média, são feitas 220 cirurgias
mensalmente, 150 tomografias, 200 mamografias, 1.500 exames de raio-x.
No total, a Santa Casa atende a 77% da produção referente ao SUS, sendo
que somente 58% é coberto pelo financiamento de programas de custeio. Os outros
23% dos atendimentos referentes a particulares e convênio representam um
financiamento 42% do custeio, o que auxilia em partes a cobrir a defasagem do SUS.
A unidade conta com 217 colaboradores, 80 médicos atuantes, sendo 60 do
corpo clínico, nas especialidades de clínica médica, pediatria, obstetrícia,
anestesia, ortopedia, cirurgia geral, sendo estas todas de plantões para o SUS e ainda
atendendo as especialidades de cirurgia plástica, otorrino, urologia, vascular,
dermatologia, oftalmologia para atendimentos eletivos e/ou particulares e
convênios.
Texto: Santa Casa de Bom Despacho
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