A parcela da população brasileira que
tem conta em banco subiu 5 pontos percentuais este ano em relação ao ano
passado, atingindo 64% do total, ou o correspondente a 86,3 milhões de pessoas,
revela pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro
(Fecomércio-RJ) e Instituto Ipsos. A sondagem foi feita entre 12 e 26 de abril,
com 1.200 consumidores em 72 municípios do país.
De acordo com a Fecomércio-RJ, é o
maior percentual de bancarização registrado entre os brasileiros em nove anos.
"É uma sequência de avanço na bancarização. Um avanço paulatino, que veio
a reboque da formalização gradual do mercado de trabalho”, destacou hoje (8),
em entrevista à Agência Brasil, o economista da Fecomércio-RJ,
Christian Travassos.
Para ele, este é um ponto positivo no
cenário atual de dificuldades na economia, porque não ocorreu de forma abrupta.
“Veio desde 2007, avançando ano a ano”. A primeira pesquisa, feita em 2007,
apontou apenas um em cada três brasileiros com conta bancária.
Travassos afirmou que o aumento da
bancarização está relacionado também a projetos sociais das três esferas de
governo (federal, estadual e municipal), que incentivaram a abertura de contas
em bancos, e o avanço do crédito, a partir da maior concorrência entre as
instituições bancárias. Por isso, o cenário, neste momento, ajuda o consumidor
a passar por um período de maiores dificuldades, acrescentou.
Segundo o economista, a conta
bancária funciona como um amortecedor de intempéries na economia, na medida em
que dá ao consumidor condições de crédito. “Se você não tem conta bancária,
fica muito difícil ter crédito.” Ele destacou que, apesar de a bancarização ter
crescido de 2014 para 2015, não necessariamente a tomada de crédito pelo
brasileiro acompanhou essa evolução. "Com mais acesso a banco, a
possibilidade de tomar crédito é maior, mas não necessariamente se vai tomar [o
crédito]”.
A pesquisa mostra que houve queda na
parcela de consumidores com algum tipo de financiamento. A retração foi de 5
pontos percentuais, caindo de 39%, em 2014, para 34% este ano. O atual cenário
econômico justifica a diminuição da procura por crédito, disse. “As pessoas se
mostraram mais seletivas, o que é algo condizente com o cenário que se vê na
economia, buscando manter o padrão de consumo ao longo do tempo. É um
comportamento condizente com o momento que nós vivemos.”
De acordo com Travassos, o aumento da
bancarização pode mostrar que o governo deve rever algumas medidas de arrocho,
como o aumento dos juros, porque a inflação continua "forte" e o
consumidor já freou o consumo. Esse quadro sinaliza que é necessário apostar em
outras estratégias, como redução dos juros, da carga tributária e do gasto
público e, de outro lado, dar incentivos às empresas, produtividade,
competitividade e oferta, para ajudar a conter a inflação, em vez de ficar
limitando só o consumo, avaliou o economista.
"É muito importante que o
consumidor fique atento às taxas de juros, ao valor das parcelas no momento de
recorrer ao crédito, para poder manter o seu padrão de consumo", disse.
Ag. Brasil